Se todos fossem iguais a você...
"Não demitam", diz consultor a editores
O consultor português Carlo Campos recomenda a editores e diretores de redação que não demitam para reduzir os custos das empresas. Campos dirige o Innovation Media Group, uma das maiores consultorias de mídia do mundo. "Invistam, não enxuguem as redações. Cortar cabeças vai agudizar uma situação que já é crítica", sugeriu nesta quinta-feira (25/09), em sua apresentação no Seminário Internacional de Jornalismo. O consultor participou de uma mesa-redonda com o diretor secretário editorial da Editora Abril, Laurentino Gomes, e o diretor adjunto de redação do Valor Econômico Carlos Eduardo Lins da Silva. O debate, "Enxugamento x Qualidade: Onde Está o Ponto de Equilíbrio?" foi mediado pelo presidente do Conselho de Administração da Rede Brasil Sul (RBS), Jayme Sirotsky.
Os jornalistas demonstraram visões distintas sobre o tema. O diretor da Abril diz que o ponto de equilíbrio está na sustentabilidade do negócio. "Ponto final", enfatizou. Em sua visão, o corte de custo é conseqüência da má gestão técnica, que seria aquém do ideal. Os jornalistas, por sua vez, resistiriam ao conceito de que são um elo da cadeira produtiva. Ele defendeu uma participação maior de editores e diretores de redação na gestão das empresas. "O jornalista precisa resistir à idéia de que é apenas um intelectual vendendo o seu trabalho. Se ele não se preocupar, algum aventureiro fará por ele". Laurentino Gomes diz que, nas demissões em massa, culpa-se o dono do jornal, o diretor comercial e a publicidade, entre outros setores. "Mas qual é a nossa responsabilidade? A probabilidade de a gente produzir um desastre é muito grande".
Lins da Silva concordou apenas em parte, na necessidade da "separação entre Igreja e Estado" (editorial e departamento comercial). As dificuldades do jornalismo brasileiro seriam estruturais, não cíclicas. Ele defendeu uma revisão dos modelos editoriais. Os jornais publicariam muitos assuntos que não precisariam divulgar em uma edição, como os fatos de todos os continentes, os resultados dos jogos de futebol da segunda divisão e os detalhes das comissões da reforma tributária no Congresso Nacional. "Não se pode dar ao luxo de ter 60 páginas editoriais, como a Folha e o Estado têm". O diretor do Valor Econômico diz não acreditar em uma melhora a ponto de achar que um jornal pode ser lucrativo dentro do panorama cultural e econômico do País. Ao fim de sua explanação, disse que estava amargurado por ter demitido de manhã e ter de demitir mais profissionais do Valor, ao voltar para a redação, depois do seminário
Fonte: www.comunique-se.com.br

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