quarta-feira, agosto 14, 2002


Árvores do Alentejo
Horas mortas... Curvada aos pés do monte
a planície é um brasido... e, torturadas,
as árvores sangrentas, revoltadas,
gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol pesponte
a oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
esfíngicas, recortam, desgrenhadas,
os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
almas iguais à minha, almas que imploram,
em vão, remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
pedindo a Deus a minha gota de água!

Florbela Espanca

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