sexta-feira, outubro 11, 2002

Esse texto fala um pouco a minha concepção do que é o verdadeiro jornalismo. Acredito que sem a crença de um mundo mais justo não consegueria ser uma jornalista (ou quase isso) e talvez, nem se quer viver...

Jornalismo é paixão


Pode ser ingenuidade minha, até acredito que seja. Mas sempre achei que jornalismo fosse paixão, inconformismo, inquietação. Sei lá, acho que foi exatamente por isso que sempre quis ser jornalista. Todos, sempre, me achavam revoltado (tolice). Mas é engraçado, chego a sentir o sangue ferver quando vejo algo muito errado, grandes intransigências.
Acreditava que o jornalista tinha a raiva correndo nas veias, um desejo seco de vingança na garganta. Pra mim, o jornalista sempre tinha que estar do lado do mais fraco, do injustiçado, daquele que é enganado, passado para trás. Sabe, imaginava o jornalista como a única proteção contra os poderosos.Uma espécie de voz da oposição, o cara que estraga toda e qualquer negociata.
Escutava sempre que a imprensa era o quarto poder. Mas eu achava que ela era o contra poder, o ponto de equilíbrio da sociedade. Clóvis Rossi, grande jornalista, escreveu no livro ‘O que é jornalismo’(coleção primeiros passos, editora brasiliense) que, ‘o jornalismo é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes’.
E é por isso que o verdadeiro jornalista devia lutar, pra conquistar as mentes e os corações do nosso público, mas para o bem, sem distorcer a verdade, investigando, denunciando, desmascarando e passando a limpo (de uma forma séria, não como naquele programa).
Pode ser ingenuidade, romantismo que não leva a nada. Mas que profissional eu serei se não questionar o sistema, a sociedade e os valores imputados pela minoria que manda e desmanda? Vou passar o resto dos meus dias escrevendo matérias sobre celulite, como emagrecer ou como arranjar o namorado ideal? Às favas, eu quero é a mudança, o novo, o caos.
É fácil e cômodo adular. Mas isso não é jornalismo. Pelo menos não no espírito desse magnífico e apaixonante ofício. Jornalista é vira lata, sonhador, inconformado. O resto? O resto, como disse Millôr Fernandes, é armazém de secos e molhados.

Fonte: www.paremasmaquinas.com.br

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