sexta-feira, outubro 31, 2003

Hoje é meu último dia no JC. Na verdade eu já estou com saudade e amargando o sentimento de melancolia há tempo...
Ontem foi a minha primeira despedida no Colarinho. Acho que tô bêbada até agora.

quinta-feira, outubro 23, 2003

Artigo intrigante...

TRABALHO & IDENTIDADE
Para não falar de suicídio

Toma corpo no meio jornalístico, tendendo a ser considerada como fato consumado, a prática de transformar as redações em verdadeiros exércitos mercenários, com um número crescente de jornalistas sem vínculo empregatício. A angústia pela falta de novas ofertas de trabalho formal, produzida pelo encolhimento da mídia nacional nos últimos três anos, aliada à crise que tem causado o corte de empregos, conduz muitos jornalistas a considerar esse um fato definitivo, um "determinismo" do mercado. E as dificuldades inerentes ao negócio convencem muitos gestores, convenientemente, a tomar essa tendência como boa prática administrativa, ou, no mínimo, como contingência dos novos tempos, da globalização e outras circunstâncias que tudo explicam.

Essa visão "iluminista", que contamina o pensamento contemporâneo de gestão e tem posto a perder as melhores intenções em políticas públicas, é a mesma que, a partir de interpretações apressadas sobre o fenômeno da globalização, tem conduzido corporações tradicionais ao fim da linha. Trata-se de uma repetição do mal-entendido que levou muitas empresas a investimentos desastrados em tecnologia da informação, e se alinha no mesmo comboio de equívocos que convenceu empresas transnacionais a "desnacionalizar" suas administrações. Hoje se sabe que os consumidores globalizados estão se tornando mais interessantes por suas diferenças do que por suas similaridades, ressaltadas ou forçadas por estratégias homogêneas de comunicação. E se constata também que os regional managers ungidos para tutelar os dirigentes nacionais de empresas vivem de pouso em pouso, mal conseguindo distinguir os aeroportos que freqüentam, o que os transforma em completos ignorantes sobre a maioria dos mercados em que atuam, fazendo com que se comportem como focos de restrição e autores de perigosos equívocos estratégicos. (...)

A equação que induz à formação de uma força de trabalho arregimentada à base de notas fiscais não fecha com essa característica mandatária do fazer jornalismo. São poucos os profissionais que, à força de um estilo muito peculiar e após muitos anos de experiência, se encaixam melhor no modelo de profissional liberal que a gestão por controle de custo quer impor. Um Juca Kfouri, um Paulo Kajuru, são grifes que cabem bem nesse modelo, mas a maioria dos jornalistas, aqueles que sustentam o noticiário de todo dia, precisa formar no complexo relacionamento que dá às redações a característica de verdadeiros times. Como numa orquestra ou numa banda de rock, não podemos todos ser solistas. E não há solista que sobreviva sem o apoio de uma boa "cozinha".

Se pega a moda de transformar todo mundo em "prestador de serviço", será inútil qualquer esforço por mais qualidade no produto jornalístico. A tendência à pasteurização só irá se agravar, reforçando no leitor a impressão de que todos os jornais são iguais e que a imprensa anda preguiçosa demais.

Nenhuma empresa vai sair da crise sem o concurso de todos seus participantes – os chamados stakeholders. Ignorar essa evidência é repetir a arrogância que conduziu à situação atual. Talvez a formação de equipes "terceirizadas" caiba numa pequena publicação, segmentada, na qual os colaboradores trabalhem com informações técnicas ou muito específicas, mas basear a redação de um grande diário, ou uma revista semanal, numa relação que não inspira fidelidade, significa abdicar de desenvolver uma personalidade para a publicação. Se isso não soa a suicídio, estamos todos muito distantes da realidade.

O que já se vê, nas empresas que se valem intensamente de mão-de-obra sem vínculo, é a redução do senso crítico e o agravamento de uma tendência ao tecnicismo no trato com a notícia. Também é bastante claro que os jornalistas contratados passam a tratar seus colegas "pessoas jurídicas" como profissionais de segunda categoria, utilizando-os como meros preenchedores de conteúdo: o contratado vai a um almoço com uma fonte, conversa, reforça seu relacionamento, sem gastar o tempo tomando notas, e depois encomenda novo contato por meio do free-lancer para preencher dados. No final, "consolida", como se diz no jargão, e assina a reportagem. Eventualmente, "fulano de tal" é citado como colaborador.

Para jornalistas em começo de carreira, que ainda contam com apoio dos pais, a situação pode ser tolerável. Os mais maduros, porém, aqueles que já têm filhos e arcam com custos mais elevados, vêem cair no seu colo as despesas que tradicionalmente faziam parte do pacote mínimo de benefícios que a empresa concede. Observe-se que o pior cenário atinge exatamente aquele profissional em ascensão, que já tem experiência para assumir os temas mais complexos. Quando espera o reconhecimento por sua dedicação e tempo de serviço, recebe a notícia de que deverá arcar com os custos de seguro-saúde, aposentadoria e outros benefícios essenciais ao bem-estar e segurança de sua família.

Para determinado profissional, a interrupção do vínculo empregatício também pode significar a exclusão de uma "tribo" à qual se habituou, e que representa não apenas seu modo de ver a profissão, como tudo que disso resulta – até mesmo suas expectativas de futuro. Para alguns, o afastamento desse ninho emocional pode representar a quebra de significados importantes, o fim do sentido que ele dá à existência.

E, para que os gestores não imaginem que a tendência é ponto pacífico, convém lembrar que os jornalistas vêm há muitos anos pagando pela incúria e incompetência de administradores e proprietários da mídia, que fazem da atual crise um buraco sem fim. Nem todos se conformam, nem todos desistem. Nesse cenário, não será difícil prever que os jornalistas comecem a se aproximar do governo petista – que lhes deve, e muito –, para deixar claro que, na hipótese de se concretizar a projetada ajuda do BNDES às empresas de comunicação, seja garantida a contrapartida que merecem os profissionais, em condições dignas de trabalho e em respeito aos seus direitos legais.

Não é para se ignorar as advertências feitas pelo governo de que a crise da mídia precisa ser analisada com muito critério. Para observadores do Planalto, a crise é fruto de má gestão – e empresas empenhadas em produzir conteúdo de fonte nacional terão preferência sobre aquelas que importam enlatados e não geram emprego nem reflexões sobre a nacionalidade.

Alguém há de defender que também deverá haver distinção entre aquelas que respeitam seu maior patrimônio – os jornalistas – e aquelas que usam a crise para propor escandalosamente a supressão de direitos e a redução de vencimentos.

Fonte: www.observatoriodaimprensa.com.br


terça-feira, outubro 21, 2003

Texto interessante...

Os Jornais

por Rubem Braga

Meu amigo lança fora, alegremente, o jornal que está lendo e diz:

- Chega! Houve um desastre de trem na França, um acidente de mina na Inglaterra, um surto de peste na Índia. Você acredita nisso que os jornais dizem? Será o mundo assim, uma bola confusa, onde acontecem unicamente desastres e desgraças? Não! Os jornais é que falsificam a imagem do mundo. Veja por exemplo aqui: em um subúrbio, um sapateiro matou a mulher que o traía. Eu não afirmo que isso seja mentira. Mas acontece que o jornal escolhe os fatos que noticia. O jornal quer fatos que sejam notícias, que tenham conteúdo jornalístico. Vejamos a história deste crime. "Durante os três primeiros anos o casal viveu imensamente feliz..." você sabia disso? O jornal nunca publica uma nota assim:

"Anteontem, cerca de 21 horas, na Rua Arlinda, no Meier, o sapateiro Augusto Ramos, de 28 anos, casado com a senhora Deolinda Brito ramos, de 23 anos de idade, aproveitou-se de um momento em que sua consorte erguia os braços para segurar uma lâmpada para abraçá-la alegremente, dando-lhe beijos na garganta e na face, culminando em um beijo na orelha esquerda. Em vista disso, a senhora em questão voltou-se para o seu marido, beijando-o longamente na boca e murmurando as seguintes palavras: "Meu amor", ao que ele retorquiu: "Deolinda". Na manhã seguinte, Augusto Ramos foi visto saindo de sua residência às 7,45 da manhã, isto é, 10 minutos mais tarde do que o habitual, pois se demorou, a pedido de sua esposa, para consertar a gaiola de um canário- da-terra de propriedade do casal."

A impressão que a gente tem, lendo os jornais - continuou meu amigo - é que "lar" é um local destinado principalmente à prática de "uxoricídio". E dos bares, nem se fala. Imagine isto:

"Ontem, cerca de 10 horas da noite, o indivíduo Ananias Fonseca, de 28 anos, pedreiro, residente à Rua Chiquinha, sem número, no Encantado, entrou no bar "Flor Mineira", à Rua Cruzeiro, 524, em companhia de seu colega Pedro Amâncio de Araújo, residente no mesmo endereço. Ambos entregaram-se a fartas libações alcoólicas e já se dispunham a deixar o botequim quando apareceu Joca de tal, de residência ignorada, antigo conhecido dos dois pedreiros, e que também estava visivelmente alcoolizado. dirigindo-se aos dois amigos, Joca manifestou desejo de sentar-se à sua mesa, no que foi atendido. Passou então a pedir rodadas de conhaque, sendo servido pelo empregado do botequim, Joaquim Nunes. Depois de várias rodadas, Joca declarou que pagaria toda a despesa. Ananias e Pedro protestaram, alegando que eles já estavam na mesa antes. Joca, entretanto, insistiu, seguindo-se uma disputa entre os três homens, que terminou com a intervenção do referido empregado, que aceitou a nota que Joca lhe estendia. No momento em que trouxe o troco, o garçom recebeu uma boa gorjeta, pelo que ficou contentíssimo, o mesmo acontecendo aos três amigos que se retiraram do bar alegremente, cantarolando sambas. Reina a maior paz no subúrbio do Encantado, e a noite foi bastante fresca, tendo dona Maria, sogra do comerciário Adalberto Ferreira, residente à Rua Benedito, 14, senhora que sempre foi muito friorenta, chegado a puxar o cobertor, tendo depois sonhado que seu netinho lhe oferecia um pedaço de goiabada."

E meu amigo:

Se um repórter redigir essas duas notas e levá-las a um secretário de redação, será chamado de louco. Porque os jornais noticiam tudo, tudo, menos uma coisa tão banal de que ninguém se lembra: a vida...

quarta-feira, outubro 15, 2003

Eu tenho a teoria de que foi Eva quem primeiro pensou a frase: "Homens não prestam". Talvez ela tenha comido o fruto proibido depois que se cansou das besteiras de Adão. O que é incrível é que essa frase tem validade eterna. Ai de nós mulheres...

quarta-feira, outubro 08, 2003

Se todos fossem iguais a você...

"Não demitam", diz consultor a editores

O consultor português Carlo Campos recomenda a editores e diretores de redação que não demitam para reduzir os custos das empresas. Campos dirige o Innovation Media Group, uma das maiores consultorias de mídia do mundo. "Invistam, não enxuguem as redações. Cortar cabeças vai agudizar uma situação que já é crítica", sugeriu nesta quinta-feira (25/09), em sua apresentação no Seminário Internacional de Jornalismo. O consultor participou de uma mesa-redonda com o diretor secretário editorial da Editora Abril, Laurentino Gomes, e o diretor adjunto de redação do Valor Econômico Carlos Eduardo Lins da Silva. O debate, "Enxugamento x Qualidade: Onde Está o Ponto de Equilíbrio?" foi mediado pelo presidente do Conselho de Administração da Rede Brasil Sul (RBS), Jayme Sirotsky.

Os jornalistas demonstraram visões distintas sobre o tema. O diretor da Abril diz que o ponto de equilíbrio está na sustentabilidade do negócio. "Ponto final", enfatizou. Em sua visão, o corte de custo é conseqüência da má gestão técnica, que seria aquém do ideal. Os jornalistas, por sua vez, resistiriam ao conceito de que são um elo da cadeira produtiva. Ele defendeu uma participação maior de editores e diretores de redação na gestão das empresas. "O jornalista precisa resistir à idéia de que é apenas um intelectual vendendo o seu trabalho. Se ele não se preocupar, algum aventureiro fará por ele". Laurentino Gomes diz que, nas demissões em massa, culpa-se o dono do jornal, o diretor comercial e a publicidade, entre outros setores. "Mas qual é a nossa responsabilidade? A probabilidade de a gente produzir um desastre é muito grande".

Lins da Silva concordou apenas em parte, na necessidade da "separação entre Igreja e Estado" (editorial e departamento comercial). As dificuldades do jornalismo brasileiro seriam estruturais, não cíclicas. Ele defendeu uma revisão dos modelos editoriais. Os jornais publicariam muitos assuntos que não precisariam divulgar em uma edição, como os fatos de todos os continentes, os resultados dos jogos de futebol da segunda divisão e os detalhes das comissões da reforma tributária no Congresso Nacional. "Não se pode dar ao luxo de ter 60 páginas editoriais, como a Folha e o Estado têm". O diretor do Valor Econômico diz não acreditar em uma melhora a ponto de achar que um jornal pode ser lucrativo dentro do panorama cultural e econômico do País. Ao fim de sua explanação, disse que estava amargurado por ter demitido de manhã e ter de demitir mais profissionais do Valor, ao voltar para a redação, depois do seminário

Fonte: www.comunique-se.com.br

sexta-feira, outubro 03, 2003

Acho que meu blog vai ficar parecendo o "Muro das Lamentações". Mas neste momento isso pouco me importa. Talvez Carol tenha razão os anos ímpares são sempre piores, mas o fato é que eu realmente estou cansada de tantos problemas na minha cabeça.

quarta-feira, outubro 01, 2003

Ontem foi um dia muito difícil para mim. Acho que nem 10 anos de análise irão me fazer superar toda a raiva e dor que senti. Tudo parecia totalmente irreal e absurdo e hoje também será um longo dia... alguém conhece por aí uma daquela fórmulas de invisibilidade?