quarta-feira, março 19, 2003

Mais um caso de intolerância e racismo.

Reino Unido caminha para o xenofobismo?

Rodrigo Zavala

O governo da Inglaterra planeja realizar testes obrigatórios para detectar o vírus da AIDS, hepatite B e tuberculose na população de imigrantes. A explicação para a iniciativa parece simples: como houve um aumento de 26% dos casos no ano passado, em todo o país, nada mais natural que se incentive exames para esse segmento.
Pode ser apenas uma proposta concreta de saúde pública, mas a questão não deveria passar de forma tão leviana, quando são levantadas possíveis consequências. As pessoas que tiverem exames positivos não serão necessariamente barradas na Grã-Bretanha, mas deverá haver em breve a adoção de medidas que restrinjam o acesso desses imigrantes ao Sistema Nacional de Saúde.
Não é de se estranhar que o governo de um país democrático, elite cultural mundial, se desresponsabilize pela saúde de sua população? Na verdade, não! Pela linha lógica dos anúncios pode se chegar à óbvia conclusão de que os imigrantes não são cidadãos ingleses e, por isso, a rede de saúde pode se omitir. Que se virem!
A proposta dos ministérios do Interior e da Saúde está apoiada nas estatísticas oficiais que assinalam um grande crescimento de aidéticos entre os imigrantes, principalmente os de origem africana. O Reino Unido tem 54.193 pessoas soropositivas e essa quantidade tem aumentado desde 1999, num ritmo anual de 10%. No ano passado, a porcentagem disparou.
O tratamento de doenças relacionadas à aids custa a cada ano aos cofres da Grã-Bretanha cerca de 360 milhões. Embora o governo não tenha se pronunciado oficialmente sobre a decisão, um porta-voz do Ministério da Saúde declarou que "chega gente ao Reino Unido com doenças como AIDS, hepatite B e tuberculose e não há dúvida de que é preciso resolver essa questão".
Depois desses anúncios, que não deixam de ser bastante alarmistas, o que fará a população inglesa? Afinal, essas pessoas estão dilapidando os cofres públicos e espalhando um rastro de doenças pela Grã-Bretanha. Que voltem então para seus respectivos países. Sem escalas na França, por favor. Os europeus não querem mais problemas. Mesmo aqueles que os próprios criaram.

fonte:www.folhaonline.com.br

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