segunda-feira, abril 28, 2003

A história do meu ex-chefe sem caráter e o drama de uma funcionária (graças a Deus que eu só fui estagiária na empresa dele):

Carlinha diz:
Soubeste do que aconteceu com Andréa

Natália diz:
não o q foi?

Carlinha diz:
Além de Ricardo demitir ela não pagou nenhum tostão furado a ela e mandou ela ir para a justiça receber lá

Natália diz:
sério ?

Carlinha diz:
Está com uma mão na frente e outra atrás

Natália diz:
coitada...

Carlinha diz:
Tendo que pagar as contas dela e ele não deu o que ela tinha direito e disse nem coloque as horas extras que demoro para lhe pagar

Carlinha diz:
Vc ficava fora do seu horário porque queria disse Ricardo a Andréa

Carlinha diz:
vc acha que pode uma coisa destas...

Natália diz:
p...

Carlinha diz:
Está desempregada sem dinheiro, sem poder sacar o FGTS, sem poder dar entrada no seguro-desemprego

Carlinha diz:
Isso foi o máximo que ele poderia ter feito com uma pessoa e principalmente Andréa que era amiga dele

Natália diz:
pois é...

Natália diz:
Ela sempre fez tudo que ele pedia

Agora imaginem...este cara é jornalista. E Andréa tem um filho para sustententar

Hoje bem que eu estou precisando uma discupinhas destas...

As dez melhores coisas para dizer se você for pego dormindo na redação:


1."Eles me disseram no banco de sangue que isso poderia acontecer."

2. "Isto é só um cochilo de 15 minutos para recuperar as energias, como foi ensinado naquele curso de gerenciamento do tempo que vocês me mandaram fazer."

3. "Eu estava imaginando como é a vida de um cego para uma matéria..."

4. "Eu não estava dormindo! Eu estava meditando sobre a missão da empresa e tentando descobrir um novo paradigma para o jornalismo mundial."

Se você trabalha na editoria de informática:
5. "Eu estava verificando se meu teclado é resistente à baba."

Se você trabalha na editoria de saúde:
6. "Eu estava fazendo um exercício altamente especifico de Yoga para aliviar o stress do trabalho. Vocês descriminam pessoas que praticam Yoga?"

7. "Por quê você me interrompeu? Eu estava quase chegando numa solução para o nosso maior problema."

8. "A máquina de café está quebrada."

9. "Alguêm deve ter posto café descafeinado no pote errado."

E a melhor coisa a se dizer se você for pego dormindo no trabalho:
10. "... e em nome de Jesus. Amêm."

sexta-feira, abril 25, 2003

Adorei o resultado:

Which Love Hina Girl Are You?
You're responsible, sweet, gentle and lovable! You have a loving heart, a great respect for all creatures (human, great and small), and the ability to see the thing that makes each individual special. However, you tend to overlook the things that make you special, and thus, putting you in a position to be pushed around by others. Take some time everyday to reflect on your qualities, and see that you don't have to please everyone and still be loved for who you are.
Which Love Hina Girl Are You?

quarta-feira, abril 16, 2003

Um teste legal...
You are Ryo-oki!

Take the "Which Anime pet are you?" test!

Por falar em imprensa coloco aqui algumas piadinhas sobre jornalistas:

*Da cabeça de um jornalista e da bunda de um nenê, nunca se sabe o que vai sair.

*Muitos jornalistas sonham em ganhar o Prêmio Esso, mas acabam trabalhando num Posto Shell

*Porquê cobras não picam jornalistas? Questão de ética profissional.

*Qual a semelhança entre um jornalista e um urubu? Nenhum dos dois vai embora quando a vítima morre.




Entrei pela primeira vez no bloi e achei bem interessante o formato, mas acredito que tem muita coisa que pode ser melhorada. Porém a idéia é ótima: os blogs podem ser e são um ótimo espaço para se observar e avaliar a mídia.

O sentido da profissão

Qual o sentido do jornalismo? Informar, pode-se dizer de imediato. Mas este é apenas o meio, e não o objetivo dessa prática à qual tantos dedicam a vida – alguns de modo figurado e outros literalmente, como vimos nas últimas semanas em Bagdá ou no caso Tim Lopes. De que serviria o jornalismo se não pudesse contribuir para melhorar a vida das pessoas? Não é esse o ideal que move, a cada ano, milhares de jovens em busca de uma vaga nos cursos da área? Ou é apenas "ficar famoso", "aparecer na TV", "viajar pelo mundo"?
Cada jornalista deveria atuar como soldado na luta pela cidadania, estar na linha de frente dos duros combates pela conquista da igualdade entre os filhos de uma mesma pátria e – por que não? – de um mesmo mundo. E cada pedacinho de território conquistado seria celebrado não com uma rajada de metralhadora, mas com aquele barulhinho do teclado que parece tão belo quando se escreve com entusiasmo e convicção.
É claro que às vezes o melhor a fazer é se entrincheirar atrás dos interesses do patrão, da má-vontade do editor, do excesso de trabalho, do desencanto com as notícias. Mas é preciso aproveitar as brechas na artilharia para correr de uma trincheira a outra. Não importa se, ao final do ano, cada soldado desse exército tiver avançado apenas um metro. Importa que o exército tenha muitos soldados para que, ao final do ano, estejamos quilômetros à frente.

Fonte:www.observatoriodaimprensa.com.br

terça-feira, abril 15, 2003

Atire no jornalista


Tenho uma má notícia para você. O assassinato dos três colegas mortos por um obus saído de um tanque das forças anglo-americanas que invadiram o Iraque quando trabalhavam dentro do Hotel Palestine, em Bagdá, não foi obra do acaso. O triplo homicídio faz parte de uma linha sobre a qual estão também a prisão e expulsão de jornalistas por autoridades do deposto regime iraquiano, o bombardeio das sedes da TV Al-Jazeera em Cabul e agora em Bagdá e a prisão do escritor e jornalista Raúl Rivero em Cuba.
"Que linha é essa que une acontecimentos tão distantes?", perguntará você. Para responder à questão, necessitamos um pouco de teoria (desculpe, mas algumas vezes é inevitável).
Na verdade, não é muito complicado. Se você estava prestando atenção às aulas de Geografia no Ensino Médio (antigo 2º Grau), sabe que, pela maior parte da história da Humanidade, a Agricultura, o setor primário, foi a geradora de riqueza e valor nas sociedades. De uns 400 anos para cá, este tipo de geração de riqueza foi sendo substituída - primeiro aos poucos, depois em ritmo alucinante - pela indústria (setor secundário). A mudança de uma para outra foi chamada de modernização e deu nome à chamada Era Moderna. A modernização atingiu todos os pontos da vida econômica (a própria agricultura foi industrializada), chegando até ao imaginário e à linguagem (você nunca notou como usamos à beça a metáfora de "máquina", mesmo em relação ao corpo humano, que de mecânico não tem nada?).
Nos últimos 35, 40 anos, temos passado por uma outra alteração fundamental no sistema capitalista. Este tem saído aos poucos do período industrial para um que tem sido chamado de pós-industrial ou informacional (Manuel Castells), no qual a própria transformação de matéria-prima em produto, característica da indústria, tem ficado sob o comando da informática. Um exemplo: o sonho dourado da indústria de automóveis é criar um carro que possua a "cara" de seu dono. Para isso, este tem que passar as informações sobre o que deseja em termos de automóvel para que este seja fabricado o mais próximo possível de acordo com seus desejos. Ou seja, é a informação que sai do consumidor que formata o produto, uma inversão daquele conceito de Henry Ford: "Todos têm ampla liberdade de escolher qualquer cor para seus carros, desde que seja preto".
O uso da informática - seja sob a forma robotização, seja por possibilitar a fabricação de produtos em diversas partes do mundo (carros com chassis feitos no México, faróis na Turquia, câmbios na Malásia e montados no Brasil) - alterou profundamente a distribuição dos postos de trabalho nas últimas décadas, fazendo com que numerosa parcela da mão-de-obra migrasse para o setor de serviços, o terciário. Hoje, este setor emprega a maior parte da mão de obra nos países centrais e mesmo naqueles que estejam na segunda divisão da economia mundial (o Brasil, por exemplo). E é no setor terciário que a nova forma da sociedade informacional tem suas melhores condições de desenvolvimento por ser nele que a informação e o conhecimento se transformam em mercadoria de alto valor.
E por que o setor de serviços é tão valioso? Porque é nele que se encontra a indústria que produz sentido, significados, as palavras (e imagens) para as coisas. Num mundo em que você não tem mais o conforto do tempo para aprender, com calma, conceitos passados por seus pais, seus avós, os vizinhos e os professores, quem tem capacidade de influir na produção, venda e fixação de conceitos, de pensamentos, é alguém (ou algo) muito poderoso. Pode influir, na medida de seu poder, nas decisões econômicas e políticas de alcance mundial.
Ora, quem manipula palavras e imagens então é o produtor de uma mercadoria que numa sociedade em que a informação e o conhecimento são muito valiosos. Assim, como ainda hoje é importante, numa guerra, atingir as fábricas de produtos essenciais do inimigo (petróleo e derivados, aviação, construção civil, etc), também se tornou vital destruir as "fábricas" de conceitos e pensamentos. Por isso bombardeios de estações de TV se tornaram comuns. "Mas se precisa assassinar jornalistas a sangue frio?", perguntará você, talvez algo horrorizado.
Bem, temo que sim. Nada pessoal, é claro. É que a miniaturização das ferramentas da indústria do significado, proporcionada pela informática, e a sua operação em rede (característica essencial da qual pretendo falar numa próxima coluna), diferente do sistema "junta-todo-mundo-numa-fábrica", permite que uma pessoa - ou um pequeníssimo número de pessoas - possa "fabricar" o "produto" - a informação -, tornando-se assim uma espécie de planta fabril ambulante que precisa ser posta fora de combate, seja expulsando do local onde se encontra a "matéria-prima", prendendo, censurando na cama ("embeded") ou, quando não der pra fazer nada disso, destruindo fisicamente mesmo.
Diante deste quadro, os jornalistas que cobrem guerras e trabalham com jornalismo investigativo (mas não só esses, pois manipulação também vale como ataque na indústria de significados) devem botar as barbas de molho (mesmo as moças, que não as têm), pois o que antes era um "efeito colateral" no nível de deixar criancinhas sem os dois braços, tornou-se objetivo primordial. As "balas perdidas" (ou "obuses perdidos") tendem a cada vez mais "achar" jornalistas.

Fonte: www.comunique-se.com.br

Fazia tempo que eu não ia para o Abril. Este ano estava com a maior gripe, mas não resisti e fui assim mesmo. E valeu a pena, me diverti para caramba...(pena que perdi o cover do the Clash que o Ira! fez)

sexta-feira, abril 11, 2003

You're like Aki Mikage!

You are extremely nice to your friends and are really understanding. You can become depressed but you bring hope to others. Of course, you enjoy to teasing your little sister.

Que Gripe!!!
Há dois dias que eu não sei fazer nada além de tossir e espirrar.

quarta-feira, abril 09, 2003

RSF acusa EUA de disparar deliberadamente contra jornalistas

A organização de defesa da imprensa e dos jornalistas Repórteres Sem Fronteiras (RSF) acusou hoje o Exército norte-americano de disparar deliberadamente contra jornalistas.
Em uma carta dirigida ao secretário de Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, o secretário geral da RSF, Robert Menard, diz que "nos sentimos consternados pela gravidade dos ataques norte-americanos contra os jornalistas".
Recordando os fatos, a organização expressa que somente ontem "morreram três jornalistas em consequência de disparos do Exército norte-americano em Bagdá".
A RSF lembra em sua declaração que "os lugares usados como alvos são conhecidos por hospedar jornalistas".
Além disso, assinala que "um filme mostrado pelo canal de televisão francês France 3 e testemunhos de vários jornalistas indicam que o tanque norte-americano passou dois minutos ajustando o canhão e disparou deliberadamente contra o hotel".

Fonte:www.folhaonline.com.br

Jornalistas gostam de guerra

Londres, 1995. O plano era ficar dois ou três anos na Europa: Reino Unido, Espanha, França e Itália. Aprender línguas. Trabalhar. Viver uma rotina alienígena. Os frilas minguavam: TV Bandeirantes, Revista Byte Brasil, Revista Saúde, A Gazeta Esportiva. O dinheiro e a experiência mal projetada estavam chegando ao fim. Éramos eu e a Vivian, minha primeira mulher, psicóloga junguiana. Frustrados e ressentidos um com o outro. Previ uma coisa e aconteceu outra que, sabíamos, muito cedo nos traria de volta para o Brasil - após pouco mais de três meses na Inglaterra. O que explicar aos familiares e amigos? Não conseguimos? Fomos vencidos? Ora, sempre pensei assim: que se danem os que não têm capacidade de compreender o vaivém do mundo, que se danem os abutres da intolerância. Mas que doía, doía.
Tive, então, uma idéia. Sugeri que olhássemos para outra cara feia, que não fosse a de alguns “amigos” mais exigentes. Não voltaríamos tão rápido para o Brasil. Não. Iríamos para a guerra. Havia um conflito lá perto, nos Bálcans. E como faríamos isso?
Peguei o telefone e liguei para um alto executivo da Rede Bandeirantes, meu amigo há vários anos. “Você quer o correspondente de guerra mais barato da história do jornalismo?”, perguntei. Expliquei-lhe que só precisaria do mínimo para sobreviver em Sarajevo, a capital da Bósnia-Hezergovina. Comida, dinheiro do hotel...
"Dinheiro do hotel?", reagiu. “Na guerra, hotel se paga com bala”, dramatizou. Mas gostou da idéia e levou-a adiante ao chefe de jornalismo da emissora. Alguns dias depois, veio a resposta: não. A Bandeirantes estava se virando bem com o material das agências internacionais. Achei estranho, mas...
Havia uma segunda opção: iríamos como voluntários das Nações Unidas. Não nos importava, à essa altura, o que faríamos na guerra. Desde que fôssemos para a guerra. Resposta: não. A ONU tinha o seu quadro de voluntários cadastrados ao longo dos anos. Não estava precisando de nós dois.
Terceira e última chance: a Cruz Vermelha. Resposta: não. A situação, de fato, era muito mais complexa do que chegar lá no escritório e dizer “quero ajudar na guerra”...
Nosso estado de espírito era o pior possível. Ainda assim, virei para a Vivian e concluí: “Estamos mesmo por baixo... Não querem a gente na guerra nem para trabalhar de graça...” Rimos muito, com o coração opresso. Voltamos para o Brasil.
Esse episódio me permitiu chegar a algumas conclusões. Lembro-me bem de minha reação ao ler um jornal britânico que predizia o fim da guerra em menos de um mês. O primeiro sentimento, que repudio – embora o compreenda como natural e grotescamente humano - foi o de torcer para que os combates se alongassem um pouco mais. O suficiente para que eu fosse para lá e enviasse alguns informes para São Paulo. “P..., logo eu, admirador de John Lennon, de Gandhi, de...” A contradição era facilmente explicável: é o egoísmo, o mesmo que transforma “combatentes da liberdade”, “libertadores dos povos” em tiranos e em demagogos eivados de oportunismo. Claro, cada qual com os seus limites, nunca admirei os Saddams, os Bushs, os Castros... Nem pretendo ser ditador um dia. Mas havia ali uma mácula. Não, não queria pensar nas mortes, na barbárie extra do prorrogar do conflito. Não. Queria ser correspondente de guerra. Nem que para isso eu jogasse fora, por um mês que fosse, todo o meu ideário anti-belicista.
Por quê? Algumas conclusões, que servem para mim e podem servir para qualquer outro profissional:

1) Gosto de emoções fortes;

2) A cobertura de guerra é considerada por muitos o supra-sumo, o néctar, a fina-flor do jornalismo;

3) É uma experiência cara para o entendimento do mundo e, principalmente, do ser-humano (para um escritor, é importante, Hemingway – claro, claro, ele era meio maluco-sabia bem disso);

4) A guerra nos põe à prova. Imaginamos como reagiríamos durante um ataque; ou se fôssemos ameaçados; ou se fôssemos feridos. Ao fim e ao cabo: viveríamos ou morreríamos?

5) A morte está sempre próxima. É um teste para a nossa fibra. É um riso de escárnio na cara da rotina, na cara do perigo, na cara da própria morte;

6) É uma oportunidade rara de estar no epicentro de acontecimentos que vão mudar para sempre o destino do mundo. É essencialmente jornalístico. É histórico;

7) É um teste profissional sem paralelo. Seremos eficazes em meio ao apocalipse? Conseguiremos trabalhar? Seremos, enfim, jornalistas?

Paro por aqui, não vou escrever um decálogo – tão em voga, nestes tempos, para definir o óbvio.
Hoje, por razões que muitos podem compreender, sou contra a invasão do Iraque. Sabemos, contudo, que Bush&Blair – parece ou não marca de secador de cabelo presidencial? - não vão parar até a conclusão inexorável de seus intentos. Penso que, quanto mais trabalho os iraquianos derem, mais difícil será a vida política dos dois dirigentes - no próprio quintal e perante o direito internacional - por mais precária e hipócrita que seja a ordem que se engendrou no período pós-Segunda Guerra e, mais para cá, neste dias pós - Guerra Fria - sob a chancela de um suposto “concerto das nações” orquestrado pela ONU.
Em tese, sou contra a guerra. Mas os americanos e britânicos, a meu ver, devem sofrer as conseqüências do unilateralismo (uma palavra eufemística que define o modus operandi do imperialismo). Senão o mundo desanda de vez. É um paradoxo, sim.
Falemos de jornalismo: parece-me óbvio que a guerra é boa para todos os veículos que nos “bombardeiam” com as notícias quentes, com cheiro de sangue, de absurdo e de ameaça mundial- três componentes que vendem jornal e revista, frutificam nas agências e vitaminam a audiência dos sites e das emissoras de rádio e de televisão. Ou não?
Por fim, não quero me tomar como modelo público de cinismo, não foi isso que meus pais me ensinaram, lá na infância. Antes, busco a honestidade. Há muitas encruzilhadas no caminho. E algumas escolhas podem sacudir as nossas, digamos, rígidas e “bem-fundamentadinhas” convicções de outrora. A pergunta persiste: nossas boas intenções serão mesmo suficientes? O que é melhor? Ser correspondente de guerra ou torcer contra todas as guerras? Estaremos mesmo preparados para a paz? A paz dá audiência? Reflitamos, antes de dormir.

Fonte:www.comunique-se.com.br



sexta-feira, abril 04, 2003

Meu Blog está lindo!!!

quinta-feira, abril 03, 2003

surpresa!!!

ass: carol

terça-feira, abril 01, 2003

Ex-agente da CIA diz que Iraque não atacou os curdos

Segundo Stehpen Plelletiere, relatórios confidenciais que circularam em Washington mostram que ataque com armas químicas foi feito pelo Irã


Desde que anunciou sua disposição de ir à guerra contra o Iraque, o presidente dos EUA, George W. Bush, usou, como pretexto para a invasão, a necessidade de proteger o mundo da ameaça das armas químicas que, segundo ele, seriam produzidas em larga escala por Saddam Hussein. Prova disso, de acordo com o presidente americano, seria o ataque do Exército americano, 1988, contra a população curda que habita o norte do Iraque.
A história do massacre dos curdos pelo Exército iraquiano correu o mundo. Foi um ex-jornalista americano, que trabalhou como analista político sênior da CIA durante o conflito Irã-Iraque, quem lançou dúvidas sobre o episódio. No início da década de 90, Stephen Pelletiere publicou os livros Iraqi Power and US Security in the Middle East e Iraq and the International Oil System: Why América Went to War in the Persian Gulf em que questiona se o Iraque teria mesmo usado armas químicas contra os curdos. Até hoje, Pelletiere sustenta essa posição.
Em artigo publicado pelo The New York Times em janeiro deste ano, ele afirma ter tido acesso a muitos materiais confidenciais que circularam em Washington relacionados à Guerra do Golfo. E o que viu e leu nesses materiais joga por terra a versão americana para o ataque ao vilarejo de Halabja, em março de 1988. Segundo Pelletiere, tudo o que se sabe sobre o episódio é que os curdos foram bombardeados com gás venenoso no decorrer de uma batalha entre iraquianos e iranianos. Depois do ataque, afirma o ex-jornalista, a Agência de Informações da Defesa investigou o massacre e produziu um relatório confidencial que circulou dentro da comunidade de inteligência. O resultado do trabalho é surpreendente: O estudo concluiu que foi o gás iraniano que matou os curdos e não o iraquiano.
De acordo com Pelletiere, a agência descobriu que Iraque e Irã usaram gás um contra o outro na batalha de Halabja. Porém, o estado dos corpos dos curdos mostrava que eles tinham sido mortos por um agente baseado em cianeto, que age sobre a corrente sangüínea. O Irã era conhecido por usar esse agente. Já os iraquianos, de acordo com o relatório, teriam usado gás mostarda, que não tem efeito sobre a corrente sanguínea. Pelletiere afirma que a versão oficial para o massacre foi difundida pela Casa Branca com o intuito de enfraquecer Saddam Hussein, depois da vitória sobre o Irã.
O ex-agente da CIA tem outra tese polêmica. Segundo ele, não é apenas o petróleo que move os interesses dos países da região, mas sim o fato de o Iraque ter o mais extenso sistema fluvial do Oriente Médio. Ele lembra que, além do Tigre e do Eufrates, há os rios Zab Maior e o Zab Menor, no Norte do país. “O Iraque já era coberto por obras de irrigação no século 6.º d.C. e era um celeiro para a região. Antes da Guerra do Golfo, o Iraque já construíra um impressionante sistema de diques e obras de contenção do rio, a maior delas a represa Darbandikhan, na região curda. E era o controle dessa represa que os iranianos almejavam quando tomaram Halabja”, afirma.
De acordo com o ex-jornalista, na década de 90 houve muita discussão sobre a construção do chamado Aquaduto da Paz, que levaria as águas do Tigre e dos Eufrates para os Estados secos do Golfo e, por extensão, a Israel. Esse projeto não avançou, afirma, em grande parte por causa da intransigência do Iraque. “Com o Iraque em mãos americanas, é claro que tudo poderá mudar...os Estados Unidos poderão alterar o destino do Oriente Médio de uma forma que provavelmente não poderá ser contestada por décadas — não apenas por controlar o petróleo do Iraque, mas por controlar a água.”